UM PEDACINHO DE
TERRA PERDIDO NO MEIO DISTO TUDO
UM GRITO SUFOCANTE
(Campanha de Amor à
Ilha)
Antes que seja tarde demais, é
preciso esclarecer à sociedade catarinense e brasileira a verdade: a
Ilha da Magia (Ilha de Santa Catarina - Florianópolis) está prestes a
deixar de ser tão bela. Este destino tão procurado por turistas de todo
o mundo deixará de ser a terra das ostras e o local da ainda resistente
e invejável qualidade de vida, onde se comem frutos do mar derivados da
pesca artesanal.
Lamentavelmente, a construção
do mega-estaleiro da empresa OSX (Grupo Empresarial do bilionário Eike
Batista) vai destruir este famoso "pedacinho de terra perdido no mar".
Neste exato momento, este danoso projeto está em fase de licenciamento
ambiental e envolto por muitas controvérsias, pois o parecer do
ICMBio regional que negou autorização ao megaprojeto está sendo abusivamente
revisado por uma
comissão em Brasília.
Não há dúvidas que este
mega-empreendimento (Estaleiro OSX) planejado para a cidade de Biguaçu
será histórico, pois esta região não tem qualquer experiência com esta
atividade industrial. Caso seja concedida a licença ambiental, a área
metropolitana de Florianópolis inaugurará uma nova fase: o abandono da
atual vocação turística e o início de uma política de "desenvolvimento"
local baseado na indústria naval. Caso permitam esta verdadeira
violência, este evento ficará registrado nos livros como tendo sido
arquitetado pelo homem mais rico do Brasil, com dinheiro público e sem
que boa parte da sociedade civil tivesse consciência dos impactos
negativos desta obra.
Para quem não sabe, este
mega-empreendimento pretende se instalar entre 3 (três) unidades de
conservação federais e exigirá a dragagem de um canal de navegação de
quase 9 (nove) milhões de metros cúbicos (quantidade suficiente para
"engordar" mais de 5 (cinco) vezes as praias de Canasvieiras e
Cachoeira do Bom Jesus juntas, apenas na primeira "cavada"), pois a
Baía Norte da Ilha de Santa Catarina é muito rasa. Para tornar possível
a navegação das imensas embarcações que serão produzidas será preciso
dragar periodicamente um canal de 13 (treze) km de comprimento, 160
(cento e sessenta) metros de largura e 9 (nove) metros de profundidade.
Mais especificamente, o estaleiro será construído exatamente ao lado da
Área de
Proteção Ambiental de Anhatomirim (APA Anhatomirim) e na zona de
amortecimento de duas outras unidades de proteção integral ainda
"sadias": a Estação
Ecológica Carijós
(ESEC Carijós) e a Reserva
Biológica Marinha do Arvoredo (REBIO Arvoredo).
Os indícios desta violência e a iminência da concessão de
licenças sem a observância de critérios técnicos determinaram a
instauração de investigações tanto do Ministério
Público Federal
quanto do Ministério Público Estadual.
Como se não bastasse, outros
fatos merecem ser relatados também:
a) Apesar de não possuir
qualquer porto ou indústrias navais, a região metropolitana de
Florianópolis foi, inexplicavelmente, escolhida como local preferido
pela OSX para a instalação deste mega-estaleiro no estado de Santa
Catarina.
b) A empresa de consultoria
ambiental responsável pelo licenciamento foi recentemente multada por induzir os técnicos a erro
e por ocultação
de estudo científico elaborado a seu pedido, que indicava a
inviabilidade do local escolhido, principalmente pelo desaparecimento
de espécie protegida de golfinho
local.
d) Diante do abusivo
afastamento de seu colega, três outros servidores públicos de carreira
do mesmo órgão governamental pediram
para sair de suas chefias.
e) Ainda, existem estudos
independentes que contestam
a cientificidade do Estudo de Impacto Ambiental apresentado pelo
empreendedor.
f) Com a construção desta
gigantesca indústria naval, depois de muita relutância do empreendedor,
já se sabe que a
maricultura e a pesca artesanal serão severamente afetadas, principalmente pela
contaminação do meio ambiente por metais pesados.
g) Os impactos também serão
culturais na medida em que a cultura açoriana preservada pelas
comunidades tradicionais de Santo Antônio de Lisboa, Sambaqui, São
Miguel e Armação da Piedade (Governador Celso Ramos) estão intimamente
ligadas ao mar, à pesca artesanal e à malacultura.
Entretanto, se depender do
"Movimento em Defesa das Baías" (mobilização social de resistência
composta por associações
comunitárias, pescadores artesanais, maricultores, cientistas
e estudantes universitários), a liberação não vai ocorrer
sem muita luta.
Esta aguerrida parcela da
sociedade civil não se
conforma em
trocar meio ambiente saudável, turismo e qualidade de vida por navios
plataforma do tipo FPSO, plataformas semi-submersíveis, plataformas do
tipo TWLP, navios-sondas do tipo "drillship" e outras estruturas para
exploração petrolífera como jaquetas de plataformas.
Considerando a contaminação dos
moluscos e peixes, bem como, a importância dos frutos do mar na dieta
da população local, também não se admite o risco de contaminação em
Minamata, no Japão.
O mega-Estaleiro OSX Biguaçu
terá dimensões semelhantes ao Estaleiro
Atlântico Sul,
que está localizado em Ipojuca - PE junto ao Complexo
Industrial Portuário de Suape. Para se ter noção do maior
estaleiro do Hemisfério Sul, que será responsável pela Plataforma P-55, veja o seguinte link:
Quiçá a idéia de todos os
"benfeitores" envolvidos neste mega-projeto na Baía Norte da Ilha de
Santa Catarina seja transformar a região numa "nova" Angra dos Reis,
que já conta com um estaleiro bem parecido, o Estaleiro BrasFELS
(antigo Estaleiros Reunidos Verolme), do Grupo Keppel Fels, responsável pela construção
das Plataformas P-51 e P-52 e que está construindo a P-56, P-57 e P-61. Entretanto, como poucos
sabem, este pujante estaleiro fluminense conta com uma área de 62,5%
(sessenta e dois inteiros e cinco décimos por cento) do futuro
Mega-Estaleiro OSX-Biguaçu, isto é, há razoáveis indícios que o projeto
da OSX seja bem mais ambicioso do que o seu concorrente.
Para se ter uma idéia como é o
Estaleiro BrasFELS, vejam pelo Google Maps as suas instalações:
Para uma melhor visualização do
local do futuro Super-Estaleiro OSX, no município de Biguaçu, observem
o local escolhido:
Ainda, percebe-se que, em Angra
dos Reis, ao lado do Estaleiro BrasFELS está localizada a Marina Verolme, um deleite aos anseios da
Associação Catarinense de Marinas, Garagens Náuticas e Afins - ACATMAR, como se observa pelo link
abaixo:
Aliás, é importante esclarecer
que por trás do Estaleiro OSX outros grandes projetos virão para Baía
Norte, haja vista que um grande canal de navegação será aberto na rasa
Baía Norte, tal como o Porto Internacional de São José (atualmente denominado de
"Portifloripa"), do entusiasta Diretor da Associação Comercial e
Industrial de Florianópolis, Ernesto
São Thiago
(novo melhor amigo de Eike Batista), que se
encontra em fase de estudos.
Sem dúvida, até porque as
imagens não mentem, não é exagero afirmar que acabará a balneariabilidade
atual das
praias vizinhas ao futuro empreendimento (São Miguel, Baía dos
Golfinhos, Santo Antônio de Lisboa, Sambaqui, Daniela, Forte, Jurerê
Internacional e Jurerê), pois, seguramente, vivenciar-se-á a realidade
das praias de Jacuecanga
e Camorim (praias de Angra dos Reis vizinhas ao estaleiro BrasFELS. Se nada for feito para
alterar o rumo político deste licenciamento ambiental, neste ano,
deve-se estar celebrando a última Fenaostra com "matéria-prima" local.
Pela verdade, pela preservação
e pela vida ajude a divulgar esta campanha.
Florianópolis, 29 de outubro de
2010.
Conselho Comunitário Pontal do
Jurerê (Praia da Daniela) - CCPontal
Associação de Bairro do Sambaqui - ABS
União Florianopolitana de Entidades Comunitárias - UFECO
Associação de Bairro do Sambaqui - ABS
União Florianopolitana de Entidades Comunitárias - UFECO
OBS: A idéia de um melhor
aproveitamento da área "ociosa" vizinha ao Estaleiro OSX pode também
vir de Angra dos Reis. Será que a região contará também com um terminal
petrolífero como o
TEBIG - Terminal da Baía da Ilha Grande em plena Baía Norte da Ilha de
Santa Catarina?
PARA MELHORES IMAGENS DOS
MONSTROS QUE SERÃO PRODUZIDOS, ACESSE O BLOG: http://baiasdeflorianopolis. blogspot.com/2010/10/um- pedacinho-de-terra-perdido-no- meio.html
FONTE: CCB
UFSC
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